quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Luz, câmera, ação!

 Todos parecemos estar vivendo sob lentes de câmeras. Não aquelas de segurança, de circuito interno, mas aquelas bem pouco sigilosas, vulgares como num Big Brother, onde cada voto do espectador é precioso, e não se pode deixar cair a peteca. As pessoas passam o dia inteiro atuando e jogando, encarnando o personagem que lhes é conveniente em cada situação, moldando na própria mente a fantasia que usam; tanto que até mudam de fisionomia de vez em quando para garantir a verossimilhança com os seus papéis.
 E, como a moda agora é a "expressão da liberdade" somada ao "politicamente correto", o tema das novelas individuais não poderia ser outro: mostrar preocupação com relação a assuntos que você não faz a menor ideia do que sejam, defender minorias cuja procedência você desconhece, se dizer o mais liberto de preconceitos possível e até mesmo ensaiar um discurso a favor das cotas para monges do Tibete, tem sido o objetivo pessoal de todos aqueles que buscam estar bem na parada.
 A partir disto, o fervor dos personagens consome aos atores que os encarnam, e eles passam a confundir quem são, te atacando quando ameaçados. Aí tem quem diga: "Ah, como você é preconceituoso, você julga as pessoas demais.", uma fala bem peculiar para alguém que respeita a individualidade (mas isso não vem ao caso). E o que é hilário nas pessoas que decoram este tipo de frases, é que, meia hora depois de elas defenderem as minorias que lhes cabem, é bem comum você ouvir: "Olha ali aquele gordo" ou "Nossa, olha a cara de empregada daquela mulher", frases que contradizem alguém "tão liberto e evoluído".
 Portanto, o que quero dizer é que: não importa o quanto você tente, o quanto você busque, todos seremos sempre criticados e mal vistos por alguém e também criticaremos a outras pessoas. Não tente ser o mais politicamente correto, o fazedor de médias, porque desta forma, salvo entre quem age da mesma forma (que provavelmente também o criticará), você apenas conseguirá parecer um chato e não atingirá o ápice da atenção que busca. Respeite, sim, a todos. Deixe de lado essa sua hipocrisia. Não defenda tribos africanas hoje, se você for cagar para a cultura das mesmas amanhã. E, por fim, não fique como eu, sentado, escrevendo textos ou falando muita coisa. O mundo não precisa de mais atores, o mundo precisa de alguns dublês.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

De pernas pro ar

 Brasil, um país onde futebol se confunde com política, que se confunde com religião, que se confunde com caráter, que se confunde com poder aquisitivo, que se confunde com manipulação, que se confunde com razão, que, por sua vez, parece inteligência, que, na verdade, é coisa rara.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Pena

 O que eu acho mais incrível no povo brasileiro é a facilidade com que se dá notoriedade às pessoas pelo simples fato de terem sofrido na vida. Se alguém é um puta intelectual, participa de movimentos com cunho social e seria um ótimo exemplo de pessoa a ser tomado, isso não basta para o brasileiro: definitivamente, para se virar herói, para ser ícone, é necessário que se tenha sofrido.
 Atualmente, um certo juiz tem sido idolatrado pela população, e com toda razão, seja pela sua conduta, pela sua postura ou pela honestidade (que não deveria ser motivo de destaque, mas, infelizmente, é) que tem apresentado nas "sessões do mensalão". Porém, este mesmo cidadão repleto de qualidades não é exaltado apenas por isso: sua conduta parece passar quase despercebida por alguns que gostam de enaltecer o fato de ele ter "subido na vida". E daí que o cara era paupérrimo e hoje em dia é um grande juiz? A questão principal não está na história da sua vida e sim no que ele faz no presente; assim, ao invés de ressaltar as qualidades do cara, parece que ele só recebe atenção por ter sofrido em em sua vida, por ter vindo de baixo.
 O pior de tudo é que este homem não representa um caso isolado em nossa sociedade: é bem comum até hoje você ouvir alguém falar "nossa, ele é pobre mas é bem educado, né?", ou então pôr um político em um pedestal apenas porque ele "só fez até a quarta série, saiu lá da cidadezinha dele e se tornou o presidente da república".
 Vamos parar de criar estes milhões de Tiradentes em nosso país e vamos dar importância às pessoas não apenas pela condição de vida que elas tinham, ou que elas têm, mas por tudo aquilo que elas fazem que as dão o status de "maiores brasileiros de todos os tempos".