segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Pena

 O que eu acho mais incrível no povo brasileiro é a facilidade com que se dá notoriedade às pessoas pelo simples fato de terem sofrido na vida. Se alguém é um puta intelectual, participa de movimentos com cunho social e seria um ótimo exemplo de pessoa a ser tomado, isso não basta para o brasileiro: definitivamente, para se virar herói, para ser ícone, é necessário que se tenha sofrido.
 Atualmente, um certo juiz tem sido idolatrado pela população, e com toda razão, seja pela sua conduta, pela sua postura ou pela honestidade (que não deveria ser motivo de destaque, mas, infelizmente, é) que tem apresentado nas "sessões do mensalão". Porém, este mesmo cidadão repleto de qualidades não é exaltado apenas por isso: sua conduta parece passar quase despercebida por alguns que gostam de enaltecer o fato de ele ter "subido na vida". E daí que o cara era paupérrimo e hoje em dia é um grande juiz? A questão principal não está na história da sua vida e sim no que ele faz no presente; assim, ao invés de ressaltar as qualidades do cara, parece que ele só recebe atenção por ter sofrido em em sua vida, por ter vindo de baixo.
 O pior de tudo é que este homem não representa um caso isolado em nossa sociedade: é bem comum até hoje você ouvir alguém falar "nossa, ele é pobre mas é bem educado, né?", ou então pôr um político em um pedestal apenas porque ele "só fez até a quarta série, saiu lá da cidadezinha dele e se tornou o presidente da república".
 Vamos parar de criar estes milhões de Tiradentes em nosso país e vamos dar importância às pessoas não apenas pela condição de vida que elas tinham, ou que elas têm, mas por tudo aquilo que elas fazem que as dão o status de "maiores brasileiros de todos os tempos".

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